segunda-feira, janeiro 30, 2006

Vingança

clique para ler a notíciaIsso mesmo! Voe Pajarito, voe!

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Coadjuvante

Oi! Meu nome é Adriano Trotta, tenho 26 anos, nasci e cresci em São Paulo - SP, onde moro. Sou mais um coadjuvante neste time de blogueiros de primeira.

Como todo bom paulistano, acho que meu sotaque é a ausência de sotaque. Sim, eu sei, EXISTE um sotaque de paulista, enrolando a língua pra falar o R e comendo o S no final das palavras, mas eu fujo muito desse sotaque, assim como procuro evitar usar gírias só de paulista, como "meu", "mina", etc. Nem sempre eu consigo!

Faço isso não porque não gosto da minha cidade, nem porque quero esconder minha procedência, nada disso. Meus motivos são dois muito simples:

1º) Eu estou estudando para ser dublador, e dublador não pode ter sotaque característico de lugar nenhum ("voz de apresentador de telejornal"?);

2º) Não gosto de rótulos, acho que rótulos são pré-conceitos, e procuro me afastar de ambos, mesmo que o rótulo em questão seja minha naturalidade.

Acredito que meu maior sotaque não esteja na minha maneira de falar ou de escrever, mas sim na minha maneira paulista e paulistana de viver e ver a vida. E isso sim eu admito, gosto, e nem tenho como fugir. Assim como cada participante deste blog tem a sua maneira específica de vivenciar as coisas, eu também tenho minha maneira toda especial, forjada por essa enorme e caótica cidade em que vivo. E acredito que observar o contraste entre essas diferentes visões vai ser o mais interessante neste blog, mais do que apenas observar as diferentes formas de escrita.

Então como é esse meu "sotaque de vida"? Talvez por gostar de desenhar desde os 6 anos de idade, eu tenha desenvolvido o gosto pela observação. Tenho por hábito passar incógnito pela multidão, apenas observando tudo e todos ao meu redor. Adoro. Em que melhor cidade isso seria possível, senão na cidade mais cosmopolita do Brasil? Pra isso, São Paulo é incrível. Por isso, viver aqui é ser o espectador de uma coleção de poesias, acontecendo diante dos seus olhos, nos fatos cotidianos que te cercam.

O metrô, por exemplo, é algo que adoro. Observar as pessoas bem vestidas e cheirosas de manhã, se espremerem na multidão do vagão enquanto procuram não desmanchar o penteado ou amarrotar a roupa. De noite, na volta pra casa, reencontrar a mesma garota que você viu de manhã, agora com o semblante cansado, o cabelo levemente despenteado e a roupa devidamente amarrotada, lutando contra o sono — e perdendo, afinal — para não dormir sentada. Não sei você, mas eu acho mágico. E os bêbados? Os meus favoritos são os pregadores mais raivosos, que filosófam sobre deus, a vida e a morte! Sem dúvida, aprendi muito com eles.

Nas ruas, quase sempre vejo alguém chorando, disfarçadamente. Mesmo os momentos tristes são bonitos por aqui: o olhar preocupado tentando se esconder no meio da multidão, para chorar baixinho e em paz. Paz? Não há paz em São Paulo. Eu percebo o choro, mas não finjo que não vi, pelo contrário... mando meu melhor olhar de "não se preocupe, tudo vai ficar bem", e sorrio. Geralmente, é o máximo que alguém como eu pode participar da vida de outro alguém, desconhecido, no meio da pressa e da correria dessa cidade que não pára.

Mas, na maioria das vezes, permaneço escondido, não participo. Muitas vezes me perco tanto observando as pessoas que esbarro em uma ou outra, quase sou atropelado por elas. Tudo bem. De tanto observar, acho que fico invisível. Tenho nítida impressão de que, sem querer, desenvolvi esta técnica. Melhor assim, não quero influenciar em nada o show da vida que acontece à minha volta.

Show. Essa é a palavra. Estou em cena, mas permaneço calado, observando, assistindo.

Em que outra cidade do mundo é possível isso? Ver, ao mesmo tempo, executivos riquíssimos passando em carros blindados, sem olhar para os lados, e logo depois uma pobre criança, simples, enfrentando descalço e sozinho a forte chuva na rua, do alto de seus 6 ou 7 anos, aplaudindo o ônibus em que você está, apenas porque aquele enorme veículo está passando por ele e fazendo barulho.

Obrigado pelos aplausos, garoto. Este méro coadjuvante, no show de São Paulo, agradece.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Alentejano de Portugal

Bom, visto que está que o blog já começou e há algum tempo, aqui vou falar-vos (e vai ser longo e chato, vos garanto) do meu Sotaque!

P'ra começar eu falo mesmo de maneira diferente da vossa! Mesmo muito diferente! Eu trato-vos por tu, vocês tratam-me por você, essa deve ser, de longe a maior diferença! Mas que tem piada tem! :)
Depois há muitas diferenças, mas quando se chega ao meu sotaque.... esse aí transmite calma, transmite paz, tranquilidade. Quando se fala em alguém preguiçoso - é um alentejano. Quando se vê alguém a descansar no meio de uma tarde de calor impossível - é alentejano. Quando se goza por alguém demorar mais tempo a perceber qualquer coisa ou é alentejano ou é loura (e eu que sou as duas coisas...).

No Verão faz muito muito calor, estamos há quase dois anos em seca, temos falta de água, sabemos poupar água, temos planícies castanhas de perder de vista, temos flores em pleno Inverno, temos cegonhas todo o ano, temos limões todo o ano, apanhamos Sol agora, batemos o dente de frio em casa porque todas as casas são frescas, "caiamos" as casas quase todos os anos, gostamos de dizer "a gente" e usar mal a pessoa do verbo ("a gente vamos" quando devia ser "a gente vai"), nesta parte do Alentejo não usamos muito o gerúndio, mas quanto mais descemos mais estamos cantando a língua como vocês do outro lado do Atlântico, tiramos o i do "lete" e pomo-lo no "caféi", gostamos de dizer sim, mas quando é não ficamo-nos pelo "nã", o Manuel passa a "Maneli", gostamos de dormir de tarde porque com o calor é impossível nos mexermos, ou tentem lá conhecer a minha cidade Património da Humanidade em Julho ou Agosto com 42º à sombra? Duvido que a Praça do Giraldo ou que a Capela dos Ossos tenha alguma beleza nessa altura.
Somos pacíficos, tolerantes e não gostamos de confrontos directos, as terras pequenas estão vazias, sem pessoas, sem jovens.
As cidades médias, a decrescer de população, mas onde se se tem uma qualidade de vida fora de série. Ainda se pode brincar nas ruas, ir ao pão a pé, ficar na rua até tarde a conversar, deixar o carro aberto à noite, à porta de casa.

Bom... e com isto tudo já me afastei do tema principal, mas sinceramente, nãos vos conseguia somente vos dizer como é o meu sotaque... tinha de vos explicar muito mais, na minha opinião não ficou por aqui! Tenho de vos contar mais, mas não hoje!

Mais coisas podem ver aqui.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Tijucas e seu idioma

Sou natural de Blumenau-SC, porém vivo atualmente em Tijucas.
Tijucas tem um forte influência açoriana e um sotaque bem peculiar: eles trocam o som de "s" por "sh": saca aquele "shhhh" de silêncio? É por aí.
Então é mais ou menos assim:
- Um kilo de arrosh;
- Treshh.
(tecla SAP ativada)
- Um kilo de arroz
- Três.
E por aí vai.
Confesso que me policio muito, mas muito mesmo para não sair falando assim. Até agora tenho conseguido relativo sucesso, menos numa coisa.
Adquiri o hábito de falar Bah.
Mas calma lá! O "Bah" tijucano não é um "Bah" igual dos nossos amigos gaúchos, que é algo seco e breve.
Aqui é mais longo: Bahhh
(repitam comigo crianças: bahhhhh)
O Bahhh é usado em várias situações, porém a mais comum é naquelas em que você se surpreende com algo:
- Quanto tá o kilo do arroshh?
- Trêshh real
- Bahh... Táshh tolo!
Vale lembrar que quanto maior a surpresa, mais longo é o Bahhh.

Então se o(a) caro(a) leitor(a) aparecer em Tijucas qualquer dia desses e não quiser se sentir um estranho no ninho é só lembrar das lições desse post.
E tragam máquina fotográfica para tirar fotos do dinossauro de concreto de 2.5m de altura que embeleza ainda mais essa maravilhosa cidade.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Ainda Sobre Jorge. Parece, mas não é.

Toca o telefone:

- Alô...

- Jorge? Oi gato! Que vamos aprontar hoje?

- Oi Luiz! Hoje nada, amor. Lembra daquela garota que te falei? Sim, sim a da perna grossa. Marquei de sair com ela.

- Jorge. Bofe. Querido. Quando você vai sair do armário?

- Aiii, não dá! Sabe que tem a pressão do trabalho e tudo mais né? E ainda tem que ficar lembrando de engrossar a voz. É in-su-por-tá-vel!

- Mas com essa voz máscula até que você faz um sucesso com as meninas, safadinho...

- Nem me lembra Luiz, nem me lembra! Sabe que a pressão é grande né? Às vezes até tenho que ir além com alguma dessas meninas. Daí elas dizem que sou carinhoso, sensível e tal. Então já sabe né? Mulher faz um marketing desgraçado dessas coisas!

- Mas e com a baranga da perna grossa, você vai hmm... cê sabe né?

- Ai, ela me olha de um jeito que parece que vai me comer vivinho! Até dei uma beliscadinha pra provocar a bichinha! Mas dessa vez eu vou me garantir. convidei a Nanda e a Rô para irem juntas comigo!

- Boa idéia! Só diz pra elas se segurarem, né? Senão a mulher pode achar estranho...

- Já avisei, já avisei!

- Mas me diz uma coisa: Porquê você vai sair com ela?

- Ai, tenho que arrumar um jeito de descobrir o que ela usa pra depilar a perna. Não sei o que é, mas fica di-vi-no!